Importação freia inflação, mas afeta indústria, diz analista.
A crescente oferta de produtos importados ajuda a conter pressões inflacionárias no curto prazo, mas traz a ameaça de um impacto negativo sobre a estrutura industrial em períodos mais longos. Em vez de complementar a produção local, o risco é de que haja uma substituição de bens nacionais por estrangeiros, apontam analistas, preocupados com o dólar barato.
Fernando Sarti, professor da Unicamp, mostra desconforto com o aumento da participação dos importados. Num cenário em que o Brasil parece ter contratado uma demanda forte por vários anos, o risco é de que ela seja atendida por uma parcela cada vez maior de produtos estrangeiros. Sarti cita o caso do setor de autopeças, que sofre com a concorrência importada apesar de as montadoras venderem como nunca. Isso pode adiar investimentos necessários para acompanhar a dinâmica dos produtores de bens finais. O mesmo pode ocorrer em setores como o farmacêutico, diz ele. O temor de Sarti é que haja o "esvaziamento da cadeia produtiva e redução dos encadeamentos produtivos e tecnológicos". Em alguns anos, a fabricação de produtos finais em que o país é competitivo pode também ser atingido pela competição externa.
André Sacconato, da Tendências Consultoria, tem uma visão mais benigna. Para ele, alguns setores de fato sofrem com a oferta maior dos importados, como os de calçados e vestuário, mas do ponto de vista da sociedade em geral há ganhos. Sem isso, a inflação estaria mais alta e os juros teriam que subir mais, diz Sacconato. Outro ponto é que a produção local cresce a taxas robustas, ainda que inferiores à das importações. Douglas Uemura, da LCA Consultores, lembra que a produção doméstica e as exportações avançam bastante, embora fosse desejável um maior desenvolvimento de cadeias com alto potencial de gerar valor agregado, como a eletroeletrônica.
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
No comments:
Post a Comment