Tuesday, January 25, 2011

BRASIL : SUPERAVIT DE LA BALANZA DE PAGOS EN 2010

Balanço de Pagamentos encerra 2010 com superávit de US$ 49,1 bilhões
Azelma Rodrigues Valor
25/01/2011 10:49Text Resize
BRASÍLIA - O Balanço de Pagamentos do país foi superavitário em US$ 49,101 bilhões em 2010 mostrou o Banco Central (BC), excedendo os US$ 46,651 bilhões somados um ano antes.
Em 2010, a conta de capital e financeira registrou ingresso líquido de US$ 100,102 bilhões. A conta corrente teve déficit de US$ 47,518 bilhões. A conta de erros e omissões foi negativa em US$ 3,484 bilhões.
Em dezembro, o saldo foi positivo em US$ 2,8 bilhões no Balanço de Pagamentos. No mês final de 2009, também houve superávit, de US$ 4,474 bilhões.
O Balanço de Pagamentos registra a conta de transações correntes (balança comercial, conta de serviços e transferências) e a conta de capital e financeira.

(Azelma Rodrigues Valor)

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INVERSION EXTERNA (IED) SUMO US$ 48,6 MIL MILLONES EN 2010

BRASÍLIA - O ingresso de investimentos externos diretos (IED) líquidos no país somou US$ 48,462 bilhões em 2010, ou 2,33% do Produto Interno Bruto (PIB), superando a meta de US$ 38 bilhões estipulada pelo Banco Central (BC) para o período. Em 2009, os ingressos líquidos de IED corresponderam a US$ 25,949 bilhões (1,62% do PIB).
Somente em dezembro de 2010, houve entrada líquida de US$ 15,364 bilhões em IED, ante US$ 5,109 bilhões ingressados em mesmo período do exercício antecedente.
Os dados levam em conta também os empréstimos intercompanhias, aqueles feitos pela matriz da multinacional para a subsidiária brasileira. Além disso, abatem as remessas feitas por conta de ganho do capital investido.
O BC informou que, do total ingressado em 2010, US$ 40,141 bilhões foram participação no capital. Foi registrada ainda entrada líquida de US$ 8,321 bilhões em empréstimos intercompanhias.
Quanto ao investimento brasileiro direto no exterior (IBD), houve aplicações líquidas de US$ 11,5 bilhões em 2010, com US$ 4,7 bilhões somente no mês final daquele ano.

(Azelma Rodrigues Valor)

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Sunday, January 9, 2011

PROJECOES DA ECONOMIA BRASILEIRA 2011

Brasília – Analistas do mercado financeiro consultados pelo Banco Central (BC) mantiveram as projeções para o crescimento da economia. A estimativa para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) – soma de todos os bens e serviços produzidos no país – permanece em 7,61% para 2010, e em 4,5% para 2011. As informações constam do boletim Focus, publicação semanal elaborada pelo BC com base em estimativas de analistas do mercado financeiro para os principais indicadores da economia.
A expectativa para a expansão da produção industrial este ano também não sofreu mudança, mantendo-se em em 10,66%. Para 2011, a projeção caiu de 5,40% para 5,31%.
A projeção para a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB para 2010 subiu de 40,88%, na semana passada, para 40,95%. Na projeção para 2011, foi registrada uma variação de 39,55% para 39,80%.
A expectativa para a cotação do dólar se manteve em R$ 1,70, ao final de 2010, e em US$ 1,75, ao fim de 2011. Também ficou estável a estimativa do déficit em transações correntes (registro das transações de compra e venda de mercadorias e serviços do Brasil com o exterior), em US$ 50 bilhões, este ano, e em US$ 69,05 bilhões, em 2011.
A previsão para o superávit comercial (saldo positivo de exportações menos importações) subiu de US$ 16,4 bilhões para US$ 16,63 bilhões, este ano, e permaneceu em US$ 8 bilhões, em 2011. A expectativa para o investimento estrangeiro direto (recursos que vão para o setor produtivo do país) passou de US$ 32 bilhões para US$ 32,20 bilhões, este ano. Para 2011, a projeção caiu de US$ 38,5 bilhões para US$ 38 bilhões.

Monday, January 3, 2011

IPCA FECHOU O ANO EM 5,79 %

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) teve variação de 0,69% em dezembro e ficou abaixo do resultado de novembro (0,86%). Com isso, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E) fechou o ano em 5,79%, acima dos 4,18% de 2009. Em dezembro de 2009, o IPCA-15 havia sido de 0,38%.
Uma das causas da redução no IPCA-15 de dezembro é a desaceleração de preços dos alimentos, que passaram da taxa de 2,11% de novembro para 1,84% em dezembro, levando a contribuição de 0,48 ponto percentual para 0,43 neste mês. Mesmo assim, o resultado do grupo Alimentação e Bebidas foi expressivo, equivalente a 62% do IPCA-15.
Parte dos produtos pesquisados apresentou menor ritmo de crescimento de preços. Como o açúcar cristal (de 14,05% em novembro para 4,12% em dezembro), pão francês (de 1,88% para 0,25%) e leite pasteurizado (de 1,53% para 1,47%). Outros ficaram até mais baratos de um mês para o outro. São exemplos o feijão carioca (de 10,83% para -12,72%), feijão preto (de 7,15% para -0,46%) e batata-inglesa (de 9,96% para -3,62%).
Mas os preços das carnes continuaram subindo e o quilo passou a custar, em média, 8,32% a mais em dezembro após a alta de 6,10% de novembro. Além do frango, cujos preços aumentaram 5,31% em dezembro e 3,33% em novembro, e da carne seca, com 9,12% no mês de dezembro e 2,73% no anterior. Individualmente, o item carnes foi o que exerceu maior impacto em dezembro, com 0,21 ponto percentual, e, com isto, tomou conta de 30% do resultado do índice do mês.
A taxa dos não alimentícios ficou em 0,34% em dezembro, abaixo dos 0,49% do mês anterior. Vários itens importantes apresentaram variações mais fracas do que em novembro ou mesmo queda de preços, com destaque para etanol (de 6,75% em novembro para 2,13% em dezembro), gasolina (de 1,92% para 0,07%), salários dos empregados domésticos (de 1,34% para 0,73%), artigos de vestuário (de 1,17% para 0,96%), aluguel residencial (de 1,05% para 0,73%), e artigos de TV, som e informática (de -1,35% para -3,45%).
Em alta de novembro para dezembro, os destaques foram as passagens aéreas (de -1,28% para 7,62%) e o ônibus urbano (de 0,07% para 0,30%) em virtude do reajuste de 2,13% nas tarifas do Rio de Janeiro em vigor desde o dia 6 de novembro.
Dentre os índices regionais, as maiores altas foram registradas em Fortaleza (1,02%) e Belém (1,01%), tendo em vista a forte pressão dos produtos alimentícios (2,77% e 2,46%, respectivamente). O menor índice foi o de Salvador (0,50%), onde os preços do etanol e da gasolina caíram 0,46% e 0,51%, respectivamente. Fonte IBGE

EXPORTACIONES BRASILERAS PARA 2011 - SE ESTIMA PARA 228 millardos de DOLARES

BRASÍLIA - O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior divulgou há pouco que a meta para as exportações brasileiras em 2011 é de US$ 228 bilhões, equivalentes a um crescimento de 13% em relação a 2010, quando os embarques somaram US$ 201,916 bilhões. Em 2010, as exportações alcançaram recorde, superando a meta do governo de US$ 195 bilhões.

Em relação a 2009, o crescimento das vendas no ano passado foi de 31,4%. Ou seja, o Ministério prevê para 2011 uma desaceleração no ritmo de crescimento das exportações

Saturday, January 1, 2011

DA CRISE EMERGIU O GIGANTE

Da crise emergiu um gigante
Uma mudança e tanto. O processo de estagnação da economia brasileira foi tão longo que só agora uma geração inteira está conhecendo as benesses de uma expansão duradoura. Em qualquer setor que se analise, em qualquer segmento social que se comparem os números, em quase todos os indicadores, o saldo é extremamente positivo. Peguem-se, por exemplo, as exportações do agronegócio brasileiro. Em apenas oito anos, a venda de produtos para o Exterior pulou de US$ 24,8 bilhões para os atuais US$ 73 bilhões. Assim como o volume de financiamento destinado à agricultura familiar, que saiu de R$ 2,19 bilhões em 2002 para R$ 16 bilhões este ano. O computador pessoal já está presente em mais de 35% dos lares brasileiros, enquanto há oito anos não chegava a 15% deles.
Essa numeralha à qual são tão afeitos os economistas, analistas e estudiosos do desenvolvimento serve para traduzir de forma lógica um sentimento que não é palpável, quase abstrato até, mas que está presente de norte a sul do País. Pela primeira vez em décadas, o brasileiro está mais confiante com seu futuro, está mais feliz e, por mais controverso que isso possa parecer, está realmente se sentindo menos vira-lata em relação às nações com pedigree. Estivesse vivo hoje, é provável que Nelson Rodrigues voltasse ao tema e, quem sabe, decretasse o começo do fim de um complexo que ele traduziu com maestria no já longínquo ano de 1958.
Os frutos que estão sendo colhidos agora começaram a ser plantados há mais de um década e meia, ainda no governo do ex-presidente Itamar Franco. É indubitável a importância do Plano Real para o ciclo de desenvolvimento que o Brasil vive neste momento. Sem a estabilidade econômica conquistada a partir de 1994 – e o consequente controle da inflação –, pouco do que se comemora hoje seria possível. “Com inflação não se planeja nada. O sistema financeiro não dava crédito, olhava só para o dia seguinte e nós brincávamos que o longo prazo era uma semana”, conta Cristiano Souza, economista sênior do banco Santander. Os oito anos do governo de Fernando Henrique Cardoso, castigado por sucessivas crises econômicas internacionais, mostram que o processo de solidificação do plano foi difícil e custoso ao País. Para conseguir manter a inflação em taxas “aceitáveis” – inferiores a dois dígitos –, FHC precisou atuar com uma taxa de juros que quase sempre esteve acima dos 20% ao ano, causando prejuízos graves ao setor produtivo brasileiro. Fernando Henrique Cardoso foi muito criticado, principalmente no seu segundo mandato, mas é indubitável também que seu compromisso com a estabilidade da moeda e sua preocupação fiscal criaram um ambiente propício para as profundas mudanças que o País acompanharia nos dois governos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Em 16 anos tivemos apenas três ministros da Fazenda, quando o tradicional era termos um a cada semestre. Isso mostra a estabilidade que o País conquistou”, diz Sardenberg, da Febraban.
O grande mérito de Lula, talvez, tenha sido a forma responsável com que tratou as conquistas de seus antecessores e principais adversários políticos. Ao contrário de outros momentos da história política brasileira, seja em tempos de democracia, seja em tempos de absolutismo, Lula não tratou de desconstruir o passado para criar um futuro a partir do zero. Aproveitou-se da estabilidade econômica herdada de Fernando Henrique Cardoso para, aí sim, dar início a uma estratégia de desenvolvimento poucas vezes utilizada por aqui. Ao ir contra a máxima de esperar o bolo crescer para depois repartir, Lula jogou fermento na economia brasileira. Ao iniciar o longo caminho da distribuição de renda com programa sociais acusados de assistencialistas, como o Bolsa Família, conseguiu injetar dinheiro em camadas da população que viviam absolutamente à margem da economia. Além disso, trabalhou de forma árdua para uma valorização real da renda do trabalhador brasileiro.Foi uma mudança sem precedentes e o resto é história.
Um país pronto para se tornar potência
A esperança agora é de que o Brasil de 2010 não tenha o mesmo futuro daquele de 1958, quando Nelson Rodrigues nos diagnosticou com o tal complexo de vira-latas. Como agora, o País vivia uma época de euforia. Foi um ano em que os brasileiros acreditaram estar entrando, enfim, na tão esperada modernidade. As fábricas cuspiam para as ruas o DKW-Vemag, que com suas 50% de peças nacionais mostrava a capacidade da indústria brasileira. Oscar Niemeyer começava a tirar do papel as curvas de concreto que deram forma a Brasília e João Gilberto, pela primeira vez, mostrava ao mundo aquela batida única, exclusiva, só dele, que viria a revolucionar toda a música brasileira. Este ano que acaba agora não tem, nem de longe, o glamour, a leveza e a fantasia que envolveram aquele finalzinho da década de 50.
Mas não tem também as raízes de uma escalada inflacionária e da dívida externa que iriam levar o País à bancarrota anos mais tarde. E nem as sementes de um processo conservador que desaguariam em um golpe militar violento. Ao contrário de 1958, 2010 não se encerra como um ano em que, de uma hora para outra, as esperanças de um país melhor surgiram trazidas por um grande salvador prometendo mudar tudo e todos. A grande diferença é que desta vez o processo de desenvolvimento é gradual e, ao que tudo indica, está calcado em alicerces firmes. Mas nem tudo é alegria. A outra grande diferença entre esses dois períodos marcantes da história brasileira é que o meio campo da seleção que disputou a Copa do Mundo da Suécia contava com Didi e Pelé, enquanto a de 2010 teve Júlio Baptista e Felipe Melo.

PROJETO PARA AMERICA LATINA

Projeto para a América Latina
Mais do que laços econômicos estreitos, Lula quer trabalhar com líderes regionais para conseguir criar uma identidade comum aos povos do continente
Claudio Dantas Sequeira
TABULEIRO
Lula quer transformar a
região em um polo de poder
Em um planeta cada vez mais multipolar, a formação de blocos regionais tornou-se um arranjo natural para países que buscam um lugar de destaque no tabuleiro geopolítico. Mas obter o consenso entre nações com características, povos e interesses diferentes não é fácil. Há
25 anos, o Brasil lidera o processo de integração regional. Começou com o Mercosul, avançou para a União de Nações Sul-Americanas e ensaia sua expansão para toda a América Latina. Durante seus dois mandatos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva priorizou a consolidação desses processos, e agora, fora do governo, deverá ajudar Dilma Rousseff a avançar de maneira sólida para transformar a região num polo de poder mundial. O recado foi dado na sexta-feira 17, durante a cúpula do Mercosul em Foz do Iguaçu, última participação internacional de Lula como presidente. “Eu certamente em outro momento estarei reunido com vocês”, disse o brasileiro.
“Provocaremos uma revolução na mentalidade e percepção dos cidadãos.”
BASE
Lula vai usar a fundação que criará
para sugerir ideias aos países do bloco
Unificação de culturas
Lula seguirá lutando pela integração latino-americana através da fundação que planeja criar, após deixar o Palácio do Planalto. “O presidente quer ajudar na integração da América Latina e na cooperação com a África”, diz o chefe de gabinete da Presidência, Gilberto Carvalho. Lula tem dito a interlocutores que sua concepção de um bloco regional passa pela construção de uma identidade do Mercosul, “de baixo para cima”. Isso se dará não só a partir da boa relação com os demais chefes de Estado latino-americanos, mas principalmente por meio de medidas sociais, que afetem o dia a dia da população. Ou seja, não basta seguir o protocolo diplomático ou dar lastro institucional ao bloco. É preciso interferir na vida do povo e fazer com que ele se sinta sul-americano, latino-americano. “Desde o início do governo o Lula bateu na tecla da autoestima dos brasileiros, que andava baixa. Agora, ele defenderá a identidade comum que une nossos povos, a ideia de que todos somos irmãos”, explica um assessor. Espera-se assim que vizinhos argentinos, paraguaios e uruguaios não se sintam menores que os brasileiros, ou nos vejam como rivais, mas no mesmo nível.
DIFERENÇAS
Lula é bem-aceito por esquerdistas,
como Fidel, e por líderes mais à direita
É a partir desse pensamento que continuarão a surgir medidas como a de criar uma placa única para os veículos dos países-membros, aprovada em Foz do Iguaçu. A expectativa é de que em dez anos todos os carros do Mercosul tenham a mesma placa e possam transitar livremente pelas fronteiras, como já ocorre com os cidadãos comuns. “Em um primeiro momento será elaborada uma lista de todos os veículos cadastrados em cada país para depois criar uma lista comum. No final de todo o processo, todos usarão a mesma placa”, afirma o chanceler Celso Amorim. Além de permitir a livre circulação dos automóveis por todo o Mercosul, a medida permitirá um maior controle dos veículos que cruzam as fronteiras e reduzirá a incidência de roubos.

Essas iniciativas compreendem o que o governo Lula passou a de chamar Mercosul Social, um bloco mais político e menos econômico. Atendeu a esses interesses a criação do Parlamento do Mercosul, para o qual o Brasil deve eleger representantes em 2012,
e o chamado Fundo de Convergência Estrutural do Mercosul (Focem), cujas contribuições são utilizadas na recuperação de estradas
e construção de linhas de transmissão nos sócios menores do bloco.

E contra as críticas de que ações como essas não passam de maquiagem, considerando os problemas tarifários e comerciais que abalam o Mercosul, Lula entregou a Dilma um cronograma de ações para a implantação da união aduaneira – cujo esboço já foi chancelado pelos ministros das Relações Exteriores do bloco. “Queremos que a América Latina seja um polo de poder nesse mundo multipolar”, explica o assessor internacional da Presidência, Marco Aurélio Garcia. Ele foi incumbido da tarefa de preparar um plano de longo prazo para a consolidação e convergência do Mercosul com a Unasul (União Sul-Americana de Nações) e a Celac (Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos).

O ingresso da Venezuela no Mercosul, uma iniciativa do próprio Lula, é parte desse processo de convergência. “É importante que um país como a Venezuela faça parte do bloco para reduzir as assimetrias. É um país em desenvolvimento e também um mercado consumidor importante para Brasil e Argentina”, explica o ex-presidente do Conselho de Representantes Permanentes do Mercosul, Chacho Alvarez, que foi vice-presidente no governo de Fernando de la Rúa.
APOIO
Cristina Kirchner, da Argentina, está
disposta a ajudar Lula em seu projeto de união regional
Mais política e menos economia
Nas últimas cúpulas desses blocos, aliás, os líderes políticos dos países vizinhos demonstraram boa vontade de apoiar a liderança brasileira, algo que não acontecia no passado. “Pela primeira vez temos um país que decidiu sair à arena internacional e esse é um dos grandes méritos e um de nossos desafios. O Brasil tem que ser consciente de sua responsabilidade e nós temos que apoiá-lo”, disse o presidente uruguaio, José Pepe Mujica. Segundo ele, Lula, mesmo fora da Presidência, ainda terá “muitas cartas a jogar”, tanto na integração latino-americana como na projeção internacional do bloco. “Sua experiência na inclusão social de milhões de brasileiros deve ser usada em toda a região.” O uruguaio está pensando no potencial consumidor dos 600 milhões de latino-americanos. Uma imensa população que desfruta de uma situação particular no planeta. A América Latina é um continente pacífico, tem uma das maiores reservas energéticas do mundo, um imenso potencial de produção de alimentos e uma biodiversidade extraordinária. Como bem disse a presidente argentina, Cristina Kirchner, é preciso ter inteligência para tirar partido dessas virtudes. “Não podemos cair na armadilha que nos imobiliza há 200 anos e inverter a lógica da divisão. É ‘unir para reinar’ e não mais o contrário.” E ninguém melhor que Lula para negociar
o consenso tão necessário.

BRASIL - QUINTA POTENCIA PARA 10 ANOS

Em dez anos o Brasil pode ser
a quinta maior economia do mundo

Economistas são pródigos em discordar de seus pares. Opiniões unânimes a respeito de previsões sobre como se comportará a economia no futuro são tão raras entre eles quanto discussões civilizadas sobre futebol. Nem mesmo quando o mundo estava prestes a cair no abismo da crise financeira de 2008 havia consenso sobre os riscos reais da inchada bolha imobiliária americana que viria a derrubar instituições aparentemente sólidas como o Banco Lehman Brothers. Desde o ano passado, no entanto, o Brasil está conseguindo o raro feito de extrair opiniões quase unânimes mundo afora. São poucos, pouquíssimos, os economistas que ousam discordar de que o País entrou em um ciclo de desenvolvimento sustentado. E mais: são ainda mais raros aqueles que duvidam da capacidade de o Brasil se tornar uma das maiores potências econômicas do planeta em um par de dezena de anos. “Estamos condenados a crescer e vamos ultrapassar rapidamente grandes potências. Hoje o Brasil ganha terreno, enquanto outros perdem”, diz o economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo, o ex-diretor do Banco Central Carlos Thadeu de Freitas.
A opinião de Freitas parece ufanista. Mas não é. Excetuando alguns poucos momentos da história brasileira, nunca o País esteve tão preparado para dar um salto de desenvolvimento como agora. Estável, vivendo um ambiente de tranquilidade institucional, com ascensão social e econômica das parcelas mais pobres de sua população e sem pressões inflacionárias ou de liquidez, o Brasil caminha para se transformar em uma das cinco maiores economias do mundo nos próximos dez anos. “Nós já entramos na classe média mundial. Nosso PIB per capita atingiu os US$ 10 mil e acredito que possamos chegar aos US$ 20 mil em 2030”, diz Bráulio Borges, economista-chefe da LCA Consultores. “Isso mostra que estamos crescendo de forma constante e, o melhor, com distribuição de riqueza.”
Demanda interna aquecida
Com a demanda interna extremamente aquecida, o Brasil pode se dar ao luxo de não precisar entrar em uma espiral de desespero com a crise que assola países desenvolvidos, como a que ameaça a União Europeia. “O bônus demográfico está a nosso favor, o pico de pessoas entrando no mercado de trabalho, produzindo, consumindo e tomando crédito só ocorrerá em 2020”, diz Cristiano Souza, economista sênior do Santander. Ou seja, como aconteceu em 2008 e 2009, a economia brasileira tem fôlego para continuar se expandindo, mesmo que haja uma recessão mundial. É claro que isso não se sustenta eternamente, como mostra a China, dona da maior população do planeta, mas que baseou seu espantoso crescimento no mercado externo.
O consenso em torno do Brasil não se restringe apenas à sua capacidade de se tornar uma potência econômica. Se estende também aos numerosos e complexos desafios que o País precisa enfrentar com urgência para conseguir fazer com que seu potencial de crescimento se torne realidade. E eles são muitos e diversos. Vão desde uma complicada estrutura tributária, passando por uma decadente e onerosa infraestrutura e um baixíssimo nível de investimento até chegar a um dos pontos mais complicados de ser resolvido: o ineficiente sistema educacional brasileiro. “Nunca vamos chegar lá se não resolvermos o problema da educação, esse é o ponto básico”, diz o presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf.